A Terra de Iracema celebra sua emancipação nesta terça-feira, 26 - Foto: José Vagner

'Ipu suas origens', na homenagem do Professor Melo aos 185 anos do município

O município de Ipu, Ceará, celebra sua emancipação e o Professor Mello presta mais uma homenagem à Terra de Iracema.

 

O escritor, membro da Academia Ipuense de Letras, Cultura e Arte (AILCA), é formado em  em diversas áreas, que incluem Geografia e Ciências Físicas e Biológicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Além de seus estudos formais, ele se aprofundou em outras disciplinas, como psicologia, história das artes e música, e participou ativamente de seminários e congressos.

O Professor Mello também é reconhecido por seu trabalho como palestrante e por suas contribuições para a imprensa e o ensino, já fundou jornais e laboratórios em sua cidade natal.

 

A influência do Professor Mello em Ipu se estende por décadas, abrange os campos da educação e cultura. Ele lecionou em várias instituições, foi diretor do Colégio Ipuense e fundou diversas iniciativas culturais, como o Coral Municipal de Ipu e o Clube Filatélico e Numismático. Sua dedicação à cultura local é evidente na autoria de hinos para escolas e para o sesquicentenário da cidade, além de ter sido um dos fundadores da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes (AILCA). Reconhecido com diversos títulos e comendas, ele escreveu e publicou mais de dezoito livros, que documentam a história, a cultura e as memórias de Ipu, que o consolida como uma importante personalidade cultural da Ibiapaba.

 

Confira abaixo a homenagem do Professor Mello a Ipu

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Ipu suas origens!

 

Era o Ipu com suas casas baixas com calçadas altas, que ao lusco-fusco as famílias existentes no pequeno núcleo, colocavam cadeiras nas calçadas para um “bate-papo” amigo com os vizinhos.

Era o Ipu dos coronéis:

- Cel. José Liberato de Carvalho

- Cel. Félix José de Sousa

- Cel. Pedro Aragão

- Cel. Liberalino Dias Martins.

- Cel. José Raimundo Aragão Filho

 À sombra do velho tamarineiro muitos deles se reuniam para o tradicional jogo de “cartas de baralho”.

 

Era o Ipu que ainda conservava a beleza do luar, refletindo suavemente sua claridade argêntea na encantadora Bica que se desprende da Ibiapaba.

 

Era o Ipu das noites bonitas, das velhas valsas, das serenatas de amor, corações que cantavam ao dedilhar violões, na quietude das noites.

 

Era o Ipu do piar saudoso do passaredo, ao pôr do sol.

 

Era o Ipu do Quadro da Igrejinha, da rua da goela, casas de taipas e casarões dos coronéis espalhados pelas imediações daquele núcleo.

 

Era o Ipu das famílias de destaque:

 

- Família Coelho, na pessoa de General Coelho, que aqui se localizou vindo de Portugal.

- Família Sousa, na pessoa do Cel. Felix José de Sousa.

- Família Aragão, oriunda da província de Aragon, na Espanha. Na pessoa do Cel. José Raimundo Aragão Filho.

- Família Martins, tronco da família – Cel. Manuel Martins Chaves, de Penedo (Alagoas) colono português de largas posses.

- Família Oliveira Lima - origem Tenente Coronel José Soares de Sousa Fogo – Tenente Coronel – título adquirido na Guerra do Paraguai. Veio Evangelina imediações de Ipu.

- Famílias – troncos de uma grande geração.

 

Era o Ipu, dos lampiões de gás localizados nas entradas da vila-cidade e quatro lampiões na Igrejinha.

 

Quantos acendedores de lampião tiveram...

Era o Ipu que começava a ler sua primeira cartilha na escola do Professor Binga, do Mestre Antônio, do Professor Jorge Pinheiro, da Professora Raimunda Joana.

 

Era o Ipu que ao badalar do sino da Igrejinha, despertava na esperança e acordava na fé.

 

Era o Ipu do glorioso São Sebastião – a figura imponente a bravura jovem, o grande soldado de Cristo, que se tornou Padroeiro desta terra.

 

Era o Ipu – do Pe. Francisco Corrêa de Carvalho e Silva – primeiro vigário desta gleba, que deixou o amor de Deus gravado no Tempo e estampado em cada página do evangelho da vida do povo simples.

 

Era o Ipu do Capitão Liberalino Dias Martins, negociante abastado, braço forte do Pe. Corrêa, que não media sacrifícios, dando tudo de si para dar grande esplendor e realce às solenidades em louvor a São Sebastião, sobressaindo a “entrega das noites” durante o novenário, que se vestiam de muita pompa.

 

Era o Ipu da primeira banda de música, organizada por R. da Silva Loureiro que animava as festas daquele pedacinho de chão, circundando de canaviais verde-pálidos.

 

A natureza, porém, foi lhe prodiga, emprestando-lhe certa graça, um quê de encanto, com a fertilidade de seus terrenos.

 

E o Ipu foi crescendo e abriu o grande livro de sua história nas páginas do tempo e escreveu um poema sobre o passado longínquo...

 

(Clickem Notícias, texto do professor e escritor ipuense Francisco de Assis, o Professor Mello - Foto: José Vágner)

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